segunda-feira, 30 de julho de 2012

À ESPERA DE UM MILAGRE


Foi com grande consternação que recebi a notícia de que uma querida amiga foi diagnosticada com grave enfermidade. Não sou a pessoa mais indicada para falar de milagre, mas confesso que me vejo desejando um, fervorosamente. Tento entender tudo o que me cerca, mas há muito percebi que para certos fatos não há explicação. Não plausível, ao menos. A realidade sempre acaba superando nossa capacidade de compreensão, até mesmo por seu caráter imprevisível e improvável. Basta lembrar que toda vida do planeta surgiu a partir da singeleza de um organismo unicelular. Não era provável que tudo se desenvolvesse a partir daí, mas foi o que aconteceu. Ou seja, há sempre um espaço entre realidade e possibilidade. E é nesse espaço, por vezes exíguo, que depositamos toda nossa esperança.  



sábado, 21 de julho de 2012

MULHERES EM MOVIMENTO


Sou um constante expectador das mulheres e seus movimentos. Embora impessoal e fugaz, meu olhar é atento e devotado. Gosto de observar como falam, andam, sentam, comem. O que vestem e como vestem. Acessórios revelam estilo, postura. Sons e silêncios, personalidade. Pequenos maneirismos me encantam igualmente. Quase todas mexem nos cabelos; outras, na boca, no nariz. Sozinhas, têm o olhar  distante que indica um interior em ebulição. Mulheres pensam muito, sonham muito, imaginam muito, deliram muito. Tudo nelas é intenso, urgente. Toda mulher tem sua beleza, seu detalhe, sua história. Toda mulher é um convite para o infinito. Mulheres não têm começo nem fim. Sorrisos, lábios, seios, ombros, braços, mãos, dentes, pés, quadris, olhos, pernas. Mulheres... Uma vida é pouco para tanto.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

FILHOS SEM RELIGIÃO


Embora tenha sido criado num lar católico, vivo hoje num lar sem religião. Não há orgulho nem vergonha nessa afirmação. Afinal, isso não nos torna melhores nem piores do que ninguém. Ao contrário do que se ouve, valores morais não dependem de valores religiosos. Uma coisa não exclui nem inclui outra necessariamente. Respeitar o próximo, por exemplo, é antes e sobretudo uma atitude de natureza moral. Por essa razão nunca tive dilema algum quanto à ausência de religiosidade na criação de meus filhos. E não falo isso da boca para fora, tanto que eles estudam num colégio de vocação católica. Uma vez, ao passarmos em frente à igreja Bom Jesus, no centro de Curitiba, o Gabriel, ainda bem pequeno, que olhava compenetrado aquela arquitetura alta, imponente e pontiaguda, disparou: bum, bum, bum, Castelo Rá-tim-bum. Sem dúvida, um efeito colateral. Fazer o quê?