terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

CRISTO E OS ENFERMOS

Segundo a bíblia, Jesus curava paralíticos, cegos, surdos, loucos, endemoniados etc. Não há dúvida que o fazia por compaixão, mas se a natureza é obra divina, nós também o somos, com todas nossas peculiaridades. Assim, é compreensível que o homem, apesar de suas limitações, busque curar seus males, mas não que Deus-Filho resolva corrigir "falhas" de seu Deus-Pai. Se para todo sofrimento há um propósito divino, curar doentes com poderes sobrenaturais me soa insubordinatório e intromissivo. De mais a mais, deficiências físicas não são entraves intransponíveis para uma vida digna e feliz. Pior mesmo é a deficiência de caráter que, em regra, nos acompanha por toda vida. Por que Cristo não curava esse mal?



quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

UM BOM LIVRO

Gosto de ler a realidade criada a partir da imaginação. Tramas atuais, que traduzam com simplicidade a condição humana, me encantam especialmente. Apesar de não haver fórmula nem forma, uma boa história é sempre premissa básica. Se bem que o talento da escrita é capaz de tornar boa qualquer história. Mas há outro aspecto, para mim relevante, que é o modo com o qual o escritor se mostra. Há os que o fazem de modo esnobe, desejando a incompreensão da maioria. Escrevem pelo impulso narcisista. E há os que escrevem com a humildade que todo ofício requer. Sabem que o escritor deve entreter o leitor. Nos bons livros, leitor e escritor sempre acabam íntimos. 






terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

O DIREITO DOS MORTOS

A justiça é para os vivos e não para os mortos. Um homicídio pode ser doloso, culposo ou acidental. A responsabilidade irá variar de acordo com a intenção de quem o causou, muito embora para a vítima o resultado  seja o mesmo, fatal e irreparável. Eis o fato: ao morto o pior já aconteceu. Tentarei ser mais claro. No caso do homicídio culposo, por exemplo, decorrente de imprudência, negligência ou imperícia, a pena em regra é branda, já que não houve a intenção de matar. Ou seja, para os vivos tal ação não é tão grave. Mas para a vítima, sim, a ação foi gravíssima e absolutamente injusta. Ocorre que o sentimento de justiça é centrado nos vivos e não nos mortos. Talvez agimos assim para a manutenção da própria espécie (como os animais que deixam seus mortos para trás, sem culpa nem hipocrisia). Mas, além disso, talvez seja ressentimento, porque mortos nos lembram do nosso inevitável destino. 



terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

SANTO DINHEIRO

A religião, essa disneylândia das culpas, sempre nos incutiu a vergonha do dinheiro. Ricas e poderosas, apesar de nada produzirem, igrejas recomendam a caridade aos mais pobres, mas nunca vi nenhuma distribuir seus bens como Jesus sugeriu ao jovem rico na conhecida parábola. Não que eu acredite que dar dinheiro seja a solução, longe disso, porque um dia a fonte seca. Porém quando o assunto é dinheiro reina mesmo a hipocrisia. Faço uma resssalva aqui às igrejas que pregam a prosperidade em Cristo. É claro que o mais próspero é sempre o pastor, mas ao menos elas desoneram seus seguidores da culpa do dinheiro, desde que em dia com o dízimo. Para finalizar, nenhum conselho ou mensagem edificante, só a confirmação de que nesse mundo dinheiro não é problema: problema mesmo é não ter dinheiro.