quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

O SUICIDA E O HOMICIDA

Nada aconteceu, mas poderia. Rua Vicente Machado, centro de Curitiba. Aguardo na faixa o sinal de pedestres, que está vermelho. Eis que passa ao meu lado um homem que, apertando o passo, atravessa a rua assim mesmo. Na última faixa de trânsito de automóveis, porém, no final da travessia, ele tem que correr de verdade. Isso porque o motorista de um pequeno caminhão, que vinha em velocidade mediana, mas compatível, simplesmente resolveu pisar no acelerador. Assim termina a história, com o pedestre suicida chegando são e salvo do outro lado da rua, e o motorista homicida seguindo seu destino, como se nada tivesse acontecido. Aliás, nada aconteceu mesmo, mas poderia. 







quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

JUVENTUDE É A NOVA BELEZA

Beleza sempre foi beleza, e juventude sempre foi juventude. Ultimamente, porém, a aparência da beleza tem sido confundida com a aparência da juventude. Explico: uma pessoa bonita pode passar a ser considerada feia caso aparente as marcas do tempo e outra, feia (ou, digamos, não tão bonita...), poderá ganhar o status de bela se não aparentar a idade que de fato tem. Ou seja, o feio pode tornar-se belo, e o belo, tornar-se feio. Isso porque a aparência envelhecida tem sido percebida cada vez mais como feiura e não apenas como velhice.  



domingo, 5 de fevereiro de 2017

IDIOTIA AMBIDESTRA

Conservadores de direita, com sua visão simplista e restritiva, têm uma tendência natural à idiotia. Humanistas de esquerda padecem do mesmo mal, só que mais retórico e dogmático. Curiosamente, os dois extremos caminham de mãos dadas com a mesma intolerância contra quem pensa diferente de suas certezas absolutas. É o velho discurso do "nós contra eles" que só traz retrocesso. Então é preciso ter cuidado e atenção quando nos manifestamos, porque, com tanta exposição, não ser um idiota está exigindo cada vez mais esforço.



quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

FELICIDADE DE "CARAS"

A praia ainda estava relativamente vazia quando chegou um casal e seu filho pequeno, que foi brincar na parte rasa do mar. Até aí, tudo banal. Súbito, deu-se início a uma impressionante sessão de selfies. E como eles eram "sarados", fotografaram-se de ângulos que mortais como eu fogem como o diabo da cruz. Mas eis que, passados quinze minutos, os dois chamaram o piá, incluíram-no em mais algumas poses, e foram embora. Fiquei imaginando a legenda no Facebook: "curtindo o dia de sol"; ou talvez: "praia é tudo de bom". Pois é, quem disse que só as celebridades da revista Caras podem simular dias felizes?