sexta-feira, 30 de outubro de 2015

DEUS SOL

Talvez o mundo fosse um lugar melhor se o Sol fosse o nosso único deus. Absurdo? De forma alguma. É um fato científico que sem o Sol não haveria vida na Terra. Só essa razão objetiva já seria suficiente para nossa devoção eterna. Há mais, porém. O Sol seria um deus muito mais interessante. Isso porque ele não oferece nada além de luz e calor. Ele não julga ninguém e não espera nada de ninguém. Um deus, aliás, que não sabe nem que ele mesmo existe. Só um deus simples assim poderia nos conceder a liberdade e a responsabilidade de uma vida naturalmente plena, sem prestar-se ao triste papel de abrigar todo o nosso vil desejo de controlar tudo e todos.


  

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

GRIFES, GRIFES, GRIFES

Tenho preconceito em relação a grifes. Não discuto a qualidade de produtos que são amados e desejados por milhões. Obviamente, eu mesmo tenho alguns deles. O que me incomoda, porém, é o fato de que, em regra, marcas prometem muito mais do que entregam. Explico: grifes exploram, financeira e publicitariamente, o eterno desejo humano de ser aceito e amado. Iludidos, muitos tentam agregar para si o glamour que veem na marca, buscando preencher materialmente o que lhes falta emocionalmente. É como se apenas ser o que são não lhes fosse suficiente. Bom, pensando bem, talvez não seja mesmo...





sexta-feira, 16 de outubro de 2015

O SOFRIMENTO DAS BELAS

Uma pessoa não perde a inteligência com a idade, mas a beleza sim, impiedosamente. Outro dia vi no mercado uma mulher na casa dos sessenta que tinha uma tristeza no olhar. Imaginei que essa tristeza fosse a de quem se sente apenas uma caricatura de si mesma, de quem sabe que seus dias de esplendor e exuberância ficaram há muito para trás. Sim, envelhecer é inevitável, mas quando a beleza é um traço definidor da própria identidade, isso pode ser especialmente doloroso. Talvez devêssemos valorizar mais a serenidade que a maturidade pode trazer e menos a beleza superficial da juventude. Será que algum dia a gente consegue?




sexta-feira, 2 de outubro de 2015

O MEU EVANGELHO, A MINHA RELIGIÃO

"Ide por todo mundo e pregai o evangelho a toda criatura", teria dito Jesus sobre a sua libertadora mensagem de amor ao próximo. O problema é que o homem, na prática, não é uma criatura disposta a dar e receber amor. Logo, a mensagem deve ser outra: ide por todo mundo e pregai o estado de direito e a garantia das liberdades individuais. Eis aí o meu evangelho; eis aí a minha religião. Esses são os requisitos para uma vida mais justa, mais próxima  do ideal de civilização. Nesse sentido a globalização pode e deve ser uma grande aliada, levando a boa-nova às culturas mais atrasadas e violentas do planeta. Aliás, qualquer cultura que não garanta o estado de direito nem as liberdades individuais não é digna dessa nobre denominação.