O MELHOR QUE A POLÍTICA PODE OFERECER
Contardo Calligaris escreveu ontem na Folha de S. Paulo que cresce no Brasil a paixão antipolítica. Em suas palavras, "é a convicção de que o exercício da política é indissociável da corrupção". O resultado disso na sociedade seria a conclusão de que a necessidade mais premente na política é a de pessoas honestas. Vejo isso como parte do processo universal de evolução política, sempre reflexo de seu próprio povo, dividido em três estágios. O primeiro, mais arcaico, com países ainda dominados por regimes ditatoriais ou em processo de levante. Seus povos vivem entre o medo e o desejo de liberdade. O segundo, intermediário, com países que, mesmo democráticos, debatem-se com sua falta de maturidade e responsabilidade. Seus povos vivem entre a descrença e a esperança política. E o terceiro, mais evoluído, com países cujas amadurecidas democracias promovem liberdade e responsabilidade. Seus povos vivem entre a segurança e a indiferença com as coisas da política. Aliás, esse estágio último possibilita ao cidadão preocupar-se apenas com a própria vida. E isso é o melhor que a política pode oferecer.
Acontece que se o sentimento antipolítica continuar crescendo, podemos estar caminhando para a anarquia... Inclusive correndo o risco de vivermos novas ditaduras pelo simples fato de ser mais cômodo. A indiferença e esse individualismo que começou na Europa e que já chega até aqui no meu interior do PR - pois as pessoas estão sim, em todo lugar, cada vez mais alheias ao coletivo - pode formar uma sociedade solitária, indiferente e com seres humanos cada vez menos humanos...
ResponderExcluirPois é, Rosi. Realmente não há nenhuma garantia de que países não involuam politicamente. Obrigado por seu comentário. Bj.
ResponderExcluir"preocupar-se apenas com a própria vida", numa estrita visão liberal, não seria, caro colega? Em minha incipiente opinião sobre a senda política, ouso afirmar - e em certa medida discordar. Haja vista que o modelo liberal trouxe também contradições, não podemos, creio, olhar para o sistema como está e apenas categorizar de maneira positivista em estágios de evolução e involução as questões que envolvem o próprio sistema. Devemos, sim, olhar para ele (o sistema) em si e por si, para assim podermos critica-lo e encontrar nossas respostas.
ResponderExcluirDe qualquer forma, não sou pessimista, creio que a possibilidade de simplesmente podermos trazer à balia tal discussão, já nos mostra o poder que temos em mão! Parabéns, caro Djalma, pela iniciativa e pelo post!
Abraços!
Obrigado, Marcelo, por sua contribuição. Na verdade, tentei dar uma macro visão ao processo. Evidentemente que toda a discussão pode e deve ser contextualizada porque o amanhã dependerá do caminho que escolhermos hoje. Abraço grande.
ResponderExcluiracho que nossa cultura é uma cultura de expeculações e pouco conhecimento de causa, os erros cometidos nas urnas justificam a falta de monitoramento e cobrança de quem se elege,
ResponderExcluirÉ a alienação,Liliam. Obrigado pela leitura e comentário. Abraço.
ResponderExcluirolá Djamla, vc diz: "Aliás, esse estágio último possibilita ao cidadão preocupar-se apenas com a própria vida. E isso é o melhor que a política pode oferecer." vc pode dar uma destrinchada melhor nessa parte? o que vc quis dizer?
ResponderExcluirCom todo prazer, Alam. É o seguinte: se a sociedade é evoluída a ponto de ter um estado que funcione sem o veneno da corrupção (ou com meios eficientes para reprimi-la)e sem do culto à personalidade do político (como a conhecida figura do "pai dos pobres"). Nesse cenário, há condições para que seus cidadãos não tenham que ficar sempre alertas para que a coisa pública não seja o benefício de poucos. Assim, sobra tempo para que cada um se preocupe com a própria vida. Obrigado por sua leitura e solicitação. Abraço.
ResponderExcluir