terça-feira, 25 de março de 2014

RECEITA DE VELHICE

Estava eu pensando na minha futura, e já não tão distante, velhice. A depressão é um mal típico da terceira idade, pelo declínio da saúde, pela morte ou doença do cônjuge e pelo implemento da aposentadoria. Como assim, aposentadoria? Será que uma simples ocupação já não é capaz de substituir o trabalho a ponto de manter a mente produtiva? Desconfio que não. Só o trabalho remunerado confere a dignidade e o respeito devidos. Então percebo o óbvio: saúde, companhia e trabalho, todos precisamos disso para não cair em depressão, não só na velhice, mas em todas as idades.





terça-feira, 18 de março de 2014

É TRISTE SÓ PARECER

Mais importante do que ser é parecer ser. Essa é a tônica atual. E é mesmo compreensível sucumbir ao derradeiro recurso da mera aparência, já que buscar aprovação e aceitação numa sociedade que deseja sempre mais é tarefa inglória. Por isso dissimula-se tanto, especialmente riqueza, beleza e juventude. Então a gente quer parecer mais rico, mais bonito e mais jovem do que realmente é. E não dá pra negar que até conseguimos alguma satisfação pelo brilho do olhar alheio. Mas nós sabemos a verdade e ela dói, porque o açoite da lembrança do que não somos flagela nossa autoestima. Ou seja, só parecer ser é muito mais triste do que simplesmente não ser.





terça-feira, 11 de março de 2014

TRABALHO DE RELIGIÃO

Meu filho Gabriel recebeu a incumbência escolar de escrever sobre algum grupo que sofre intolerância social. Deveria fotografá-lo, inclusive. Leve um retrato da nossa família!, sugeri. Diante da sua reticência, perguntei se ao estudarem os grupos religiosos era mencionada a existência dos ateus. Não, não era. Quer intolerância maior a um grupo que tem a própria existência omitida? Daí ele se convenceu. O professor, surpreso com o ineditismo da abordagem, quis saber se ele sofria de fato preconceito por ser ateu. Como a resposta foi afirmativa, prometeu rever o programa da disciplina. É possível que a promessa tenha caído no esquecimento (isso foi em 2012), mas ao menos a nossa família permaneceu por alguns dias, feliz e sorridente, no quadro dos melhores trabalhos de religião.