Escrever não é fácil; requer treino e
paciência. Ao contrário do que se supõe, dizemos mais quando escrevemos pouco.
Isso porque quando escrevemos muito acabamos por limitar o próprio conteúdo.
Não o conteúdo objetivo, mas o subjetivo, muito mais importante, que é a possibilidade
de identificação do leitor; quando, de uma forma ou de outra, o texto retrata
suas emoções. E quanto mais espaço houver para isso tanto melhor. Mas apenas
escrever pouco não basta. É preciso escrever bem, garimpar pacientemente cada
palavra para que a ideia central ganhe força. É preciso também não ceder à
tentação do virtuosismo, que só impressiona e satisfaz o próprio escritor. Num bom
filme de suspense as cenas mais marcantes são as que sugerem algo que
não vemos. Afinal não temos todos os mesmos medos, mas é certo que de algum
medo todos padecemos.
Publicado na Revista da AATPR (Associação dos Advogados Trabalhistas do Paraná), 3a. Edição.