terça-feira, 19 de agosto de 2014

A ARTE DE NÃO DIZER

Escrever não é fácil; requer treino e paciência. Ao contrário do que se supõe, dizemos mais quando escrevemos pouco. Isso porque quando escrevemos muito acabamos por limitar o próprio conteúdo. Não o conteúdo objetivo, mas o subjetivo, muito mais importante, que é a possibilidade de identificação do leitor; quando, de uma forma ou de outra, o texto retrata suas emoções. E quanto mais espaço houver para isso tanto melhor. Mas apenas escrever pouco não basta. É preciso escrever bem, garimpar pacientemente cada palavra para que a ideia central ganhe força. É preciso também não ceder à tentação do virtuosismo, que só impressiona e satisfaz o próprio escritor. Num bom filme de suspense as cenas mais marcantes são as que sugerem algo que não vemos. Afinal não temos todos os mesmos medos, mas é certo que de algum medo todos padecemos.

Publicado na Revista da AATPR (Associação dos Advogados Trabalhistas do Paraná), 3a. Edição.








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