Dilemas como o do aborto fazem parte da existência humana porque temos uma consciência reflexiva sobre quem somos e o que fazemos. Um leão mata porque tem fome e, mesmo assim, dorme o sono dos justos. Nós, ao contrário, sempre tentamos conjugar instinto com justiça. Abortar é, sim, uma violência física e moral contra a vida, porém implicações e complicações de cada realidade dificultam nosso julgamento. Uma coisa é certa: a proibição legal não é um empecilho, tanto que no Brasil aborta-se (e muito) clandestina e precariamente. Tendo a ser a favor do aborto livre, seja porque o feto não tem vida autônoma sem a mãe, seja porque ninguém aborta por mero capricho de vontade.
domingo, 28 de novembro de 2010
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
Como é difícil mudar de faixa!
Se você está dirigindo um automóvel em São Paulo, quer sair da faixa da direita e ir para a da esquerda, basta ligar a seta e fazer a manobra para o eventual carro, que está vindo pela direita, segurar sua velocidade por um breve instante (não mais que isso, é verdade) e pronto!, lá está você na outra faixa seguindo seu destino. Pois bem, em Curitiba a coisa não funciona assim. Na mesma situação, o mesmo hipotético motorista de trás não diminuirá um Km sequer. Isso quando ele não pisar no acelerador. Por quê? O que ele quer!? Um requerimento em três vias? Um pedido de mãos postas pelo amor de Deus? Ora, ora... Não, você não quer "cortar" a frente dele, quer apenas desviar do carro mais lento à frente para que o trânsito possa atingir sua finalidade ideal, que é fluir. O mais revoltante é que, muitas vezes, esses "reis-da-sua-faixa" dobram uma esquina sem utilizar a bendita seta...
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
Nem tudo muda para pior
Estávamos num restaurante outro dia e eu contava para meus filhos que não há tanto tempo comensais dividiam o mesmo espaço que fumantes. Contei-lhes que você poderia estar começando a degustar seu prato e o sujeito da mesa ao lado tirava do bolso cigarro e isqueiro e começava a dar vigorosas baforadas, deixando o ambiente impregnado de fumaça e nicotina. Anos mais tarde (muitos, diga-se) foram criados pequenos espaços para não fumantes, geralmente no fundo, quase escondidos. Até que, finalmente, percebeu-se a inversão de valores que há anos era imposta aos que apenas queriam comer e respirar livremente nos restaurantes e impôs-se através de lei o que o bom senso e a boa educação já indicavam há muito tempo: não se deve fumar em ambientes fechados ou mesmo perto de não fumantes.
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
Dá um trocadinho aí?
Uma coisa que me irrita é essa mendicância generalizada. É um tal de me dá um trocadinho aí! Em Buenos Aires, onde a crise está pegando, não vi pedintes nem flanelinhas. Lá, ao que parece, persiste o culto (meio fora de moda) à dignidade. Bem sabem eles que pedir é algo profundamente indigno, por isso não pedem. Também não pedem porque não ganham nada de ninguém. Eles não gostam de quem não trabalha e ponto final. Aqui a dinâmica é diferente: pedir é uma forma alternativa de sustento. Então damos os trocadinhos solicitados. Primeiro, para nos livrar da presença inconveniente do pedinte. Segundo, por medo. E terceiro, por uma inconfessável e tola compensação de parecermos "bons". Afinal, nós temos "sorte" de termos o que temos, enquanto essas "pobres" pessoas não têm outra opção de vida. Sei...
A relativização da honestidade
Todos se dizem honestos. Afinal, é uma questão de princípios.
Mas notem que nas mais variadas situações a razão (quase sempre uma razão muito peculiar e própria) entra em cena para justificar atos que, a princípio, não seriam tão honestos assim. É a relativização da honestidade. Quando justificamos demais um ato é porque sabemos que não fomos verdadeiramente honestos. José Saramago define bem esse dilema quando diz que a ética tem de estar acima da razão.
Eu prefiro as mulheres!
Não, não se trata de uma declaração de "opção" sexual, mas de uma opção social. Digo isso porque, em regra, acho a companhia feminina mais interessante. Há muito percebi que homens passam a agir de forma estereotipada quando estão em grupo, falando sobre as mesmas coisas, através de uma linguagem corporal quase única. Em outras palavras: agem como bando. E num bando não existe espaço para exposições de intimidade ou fraqueza. Mulheres não agem assim, mesmo em grupo não perdem suas individualidades. Elas não têm medo de parecerem como, de fato, são.
terça-feira, 23 de novembro de 2010
"Apaixonado" por Norah Jones
Me pego ouvindo pela "enésima" vez o CD "The Fall", da Norah Jones. Até meu filho diz que estou fanático depois que assisti duas vezes ao show dela. O fato é que após de alguns breves devaneios delirantes conclui que o melhor que um artista pode nos dar é a sua arte. Conhecê-los pessoalmente pode até ser legal, mas o que os tornam especiais é justamente o resultado de seu ofício (o trabalho bem feito é a perfeição humana possível). O resto é ilusão e idealização. Por isso sigo curtindo essa fugaz paixão pela voz rouca e sensual da Norah, e sem culpa.
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