quinta-feira, 16 de junho de 2011

O SILÊNCIO DA MINORIA







Estávamos no quarto quando ele entrou. Não fazia muito tempo que minha mulher tinha voltado do centro cirúrgico. Ele, no caso, era o pastor, o capelão da clínica. Trazia no semblante a típica e aparente confiança de que tudo no universo está na mais perfeita e absoluta ordem. Foi logo dizendo gracejos amenos para facilitar a aproximação, que não tardou. Ao lado da cama, buscando uma das mãos de minha mulher, disse em tom grave e imperativo: "Vamos agradecer a Deus porque foi graças a Ele que tudo correu bem". Nosso constrangimento, que já era grande, chegou então a níveis críticos. Resistimos silentes, temendo que ele iniciasse uma oração ou algo parecido. Ele, porém, sem desistir, nos ofereceu folhetos com palavras de fé, recomendando a leitura.  Mais silêncio. Foi aí que comentei sobre a demora do almoço. Finalmente o visitante nos deixou. Pergunto: por que a maioria acha que todos têm uma crença religiosa? Respondo: porque é assim que as maiorias agem, simples. Por isso as minorias sabem que o menos danoso, às vezes, é engolir o constrangimento e simplesmente calar.




2 comentários:

  1. Querido amigo, que engolir que nada, vamos nos rebelar!! Que tal cofeccionarmos adesivos para nossos carros com os dizeres: PROPRIEDADE DE QUEM PAGOU. Ou ainda fazermos camisetas com a frase: 100% ATEU. E essa é pra você que é advogado: o que será que Jeová fez pra ter tantas testemunhas?? (risos) Beijão!!

    ResponderExcluir
  2. Com todo respeito eu acho que quando uma pessoa dessa( um pastor, ou quem quer que seja) faz uma visita, fica tão agradecido em quem ele acredita, que quer mais é agradecer por aquela pessoa que passou por uma cirurgia ou algo parecido esteja vivo(a), acho que é uma forma de dizer que está feliz por aquela pessoa está ali, mas isso também não tira o direito de quem está ali não querer a visita ou uma oração que seja, acho que tudo é uma questão de diálogo.

    ResponderExcluir