Confesso: já li autoajuda. Em minha defesa, digo que isso se deu há muitos anos. Gosto é gosto, eu sei. Mas desde então peguei aversão ao gênero. A mente humana não é passível de uma sistematização pragmática, logo qualquer comportamento padronizado por regras, que não aquelas necessárias ao convívio social, está fadado ao fracasso. Somos seres individuais e diferentes uns dos outros, ainda que postos em condições gerais semelhantes. Exemplo: filho, para sentir-se amado, tem que receber atenção, carinho e, principalmente, limites, porque só assim crescerá num ambiente seguro. A proposição não está errada, ao contrário, está certíssima. O problema é colocá-la em prática se a prática depende de inúmeras questões emocionais difusas e complexas de todos os envolvidos. Se um filho é alvo de rejeição inconsciente por parte da mãe, tudo vai por água abaixo, mesmo que a cartilha seja seguida, porque há o espaço da comunicação não verbal, imenso aliás. Ou seja, não será com palavras bem escritas que a situação se tornará melhor. Autoajuda não ajuda pela mesma razão de que nem os bons conselhos ajudam. Só conseguimos nos ajudar quando enxergamos nossas limitações por conta própria e não quando externamente apresentados a elas.
Bom dia, Djalma. Ótima reflexão, clara e incisiva. Quando caem os véus da ilusão, cessa a esperança de uma "cura mágica" e é a partir daí que podemos começar a caminhar para enxergar e lidar com as nossas próprias limitações. A "cura mágica" é uma espécie de medicamento genérico que se vende nas prateleiras da sociedade, mas nem sempre é adequado para o multifacetado e idiossincrático contingente humano. Abraço,
ResponderExcluirObrigado, Deborah. Seus comentários são sempre oportunos e absolutamente sensíveis. Bj.
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