Sempre ouvi dizer que o maior problema do Brasil é o da falta de educação. Porém penso que a falta de educação que mais nos maltrata seja aquela básica, em seu sentido estrito, cuja ausência causa a frouxidão da conduta moral. Por isso paira sobre a nação uma nefasta relativização da ética, que vai muito além da educação acadêmica. Falta-nos uma consciência coletiva estruturada para inibir a transgressão de regras de caráter geral, principalmente quando estas colidem com o interesse individual. E o fato de se ter ou não curso superior nada influencia nesse padrão, porque presente em todas as classes sociais, independentemente do nível de escolaridade. O fato é que essa conduta relativista cria um anestésico para a prática de toda corrupção, inclusive a política. Engana-se quem vê corrupção apenas na vida pública. Há corrupção, e muita, na vida privada. A sonegação de impostos e o desrespeito às normas de trânsito são exemplos clássicos, graves e contundentes. Porém, por conta dessa relativização, todos têm sempre uma justificativa bem articulada, mas individualista, para suas "pequenas falhas". Infelizmente não há perspectiva desse padrão ser alterado. Não enquanto nos lares nossas crianças seguirem aprendendo, através do mau exemplo, que suas obrigações e responsabilidades com a sociedade são meramente relativas.
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