São duas as solidões humanas: a emocional e a existencial. Enquanto a primeira é uma condição circunstancial, a segunda é um destino inevitável. Solidão emocional decorre da ausência de relacionamentos interpessoais afetivos ou da ineficácia dos mesmos, isto é, quando esses não atendem à sua finalidade psíquica, que é a troca de emoções. É por isso emocional e não física propriamente. Já solidão existencial é um estado natural, mas em regra visto com assombro porque mostra que, no fim das contas, estamos inapelavelmente sós no mundo. E isso realmente assusta. Em consequência, surgem crenças, ansiedades e fobias, que fazem com que a mente mantenha-se ininterruptamente ocupada para fugir dessa inexorável realidade. Contudo, paradoxalmente, a solidão existencial pode ser um alento, um porto seguro, pois é o único espaço onde reinamos absolutos e maravilhosamente sós.
Extraído de meu livro "O óbvio".
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