segunda-feira, 29 de outubro de 2012

ÍNDIOS


A questão indígena não é humanista: é social. Eis a realidade: não dá mais para índio viver como índio. Reserva é coisa para animais selvagens, não para seres humanos. Por isso é preciso fazer uma política de gradativa integração dos índios à sociedade. Afinal, todos os nascidos no Brasil, índios, brancos, negros, pardos, amarelos, são igualmente brasileiros. Essa legislação paternalista não conseguiu salvar o índio da sua anunciada, escancarada e lenta dizimação. Que, ao menos, uma nova lei possa fazer com que as suas futuras gerações possam viver dignamente apenas como brasileiros. Bem-vindos ao século XXI. Emprego, imposto, supermercado, escola, trânsito, futebol, televisão. Não é fácil mas acostuma. 


segunda-feira, 22 de outubro de 2012

CONSCIÊNCIA BRANCA


Sou contra a discriminação de pessoas por qualquer motivo. Aliás, não apenas eu, o art. 5o. da Constituição Federal também é contra. Contudo o nosso governo vem adotando o que se pode chamar de "apartheid oficial" com a sua política de ação afirmativa. Não bastasse as cotas de ingresso nas Universidades Federais, pretende-se agora dar a mesma vantagem em relação aos concursos públicos federais. Não vou entrar no mérito das cotas (já fiz isso no texto "Cotas da humilhação"). Apenas farei duas perguntas: 
- Acaso as mulheres, sempre oprimidas, precisaram de cotas para  ingressarem nas universidades ou no funcionalismo público?
- Será que no futuro essa política discriminatória não irá criar esdrúxulos movimentos sociais de garantia dos direitos dos brancos?


segunda-feira, 15 de outubro de 2012

OS FILHOS QUE NÃO TEMOS


Outro dia me ocorreu a diversidade imensa de filhos que não temos. No meu caso, estou satisfeito com os dois que a vida me deu. Mas constatei a imensidão de variações que a combinação entre apenas um homem e uma mulher tem para gerar distintos seres humanos. São, em média, trezentos e cinquenta milhões de espermatozoides em cada ejaculação. Ou seja, dá para imaginar a variedade de filhos que poderíamos ter (e não temos). Note que disse variedade e não quantidade. E como seriam esses filhos? Melhores? Piores? Não importa, o que importa é que seriam diferentes. E isso me parece fascinante. Aliás, essa é mais uma faceta da diversidade biológica que rege a vida. Há mesmo um mundo dentro de cada um de nós.


sexta-feira, 5 de outubro de 2012

COINCIDÊNCIAS INÚTEIS


É desejo comum acreditar que na vida não há coincidência, que nada é por acaso. Minha percepção, todavia, é a inversa: tudo é coincidência, tudo é por acaso. Diria mais: a grande maioria das coincidências é absolutamente inútil e irrelevante. Explico: duas pessoas estranhas se cruzando numa rua de uma grande cidade é uma coincidência extraordinária. Sim, a probabilidade matemática disso ocorrer é extremamente mínima. Mas acontece todo dia, a todo instante. E qual é a relevância desse fato? Nenhuma. O que ele significa? Nada. Isso porque apenas uma fração infinitesimal dessas coincidências afeta nossas vidas. As boas chamamos de sorte; as ruins chamamos de azar. O resto é profissão de fé.