Inimigos eternos, Deus e o Diabo. Mas só até às seis. Depois, no bar: cerveja, petisco e truco. Juntos, dizem, são imbatíveis.
sexta-feira, 29 de novembro de 2013
domingo, 24 de novembro de 2013
A FELICIDADE E O QUARTO DE HOTEL
Tínhamos reservado um apartamento no Costão do Santinho da ala chamada de vila. Como minha mulher tinha sofrido uma trombose havia pouco tempo, pedi que nos instalássemos num local de fácil mobilidade. Lá chegando fomos brindados com um upgrade para a ala internacional. Mas não era só. Quando entramos no apartamento, belíssimo, enorme e de frente para o mar, tive a impressão de haver um grande espelho na sala. Não era espelho, e sim outro apartamento, idêntico, só para as crianças. Nisso tocou o telefone. Olhei para a Marion rindo, certo de que deveria ser da recepção dizendo que tudo foi um engano. De fato, era mesmo da recepção, mas apenas para perguntar se tudo estava a contento. Minha vida tem sido assim: um maravilhoso apartamento duplo de frente para o mar. Mas confesso a constante sensação de espera do telefonema a me dizer que tudo não passou de um engano. Pensando bem, talvez essa sensação de equívoco, de não merecimento, de frágil impermanência, é que me faz desfrutar de tudo com a maior intensidade possível.
sexta-feira, 22 de novembro de 2013
EDUCAR DÁ TRABALHO
Faz sucesso no Facebook um post do pai que calcula a mesada dos filhos através de uma extensa tabela comportamental (link abaixo). Ele parte do valor de R$50,00 e vai descontando a cada falta cometida. Não fez a tarefa? R$1,00 a menos. Brigou, bateu, ofendeu?, lá se vão mais R$2,00. Desobedecer aos pais sai mais caro: R$3,00. Não gosto da ideia. Primeiro porque não acredito na sua eficácia. Depois porque trocar dinheiro por bom comportamento não me parece algo distante da corrupção. Quer dar mesada aos filhos para que aprendam a lidar com dinheiro? Ótimo. Mas acho duvidoso utilizá-la como ferramenta de educação. Uma criança deve aprender a se comportar bem, tanto em casa quanto na escola, porque esse é o correto, o normal, o que dela se espera. E não há simplificação: educar filhos dá trabalho. É preciso perseverança, paciência e vigilância. Além, é claro, de bons exemplos.
terça-feira, 12 de novembro de 2013
AS DORES DA VIDA
Há muito tempo eu tinha uma mania tosca. Quando na sala de espera para um exame de sangue, beliscava o próprio braço. Fazia isso no intuito de me preparar para a agulhada que, aliás, doía sempre bem menos. Depois deixei de fazer isso, não apenas por ser uma grande tolice, mas principalmente porque percebi que sofrer por antecipação não me socorreria da dor que por ventura sentisse na hora da coleta do sangue. Por isso desconfio do senso comum que recomenda doses educacionais de sofrimento para se estar preparado diante das agruras da vida. Não vejo dessa forma. Acho que a vida traz, de um jeito ou de outro, sofrimento para todos. E não adianta: sempre haverá dor, independentemente de qualquer preparo.
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