domingo, 24 de novembro de 2013

A FELICIDADE E O QUARTO DE HOTEL

Tínhamos reservado um apartamento no Costão do Santinho da ala chamada de vila. Como minha mulher tinha sofrido uma trombose havia pouco tempo, pedi que nos instalássemos num local de fácil mobilidade. Lá chegando fomos brindados com um upgrade para a ala internacional. Mas não era só. Quando entramos no apartamento, belíssimo, enorme e de frente para o mar, tive a impressão de haver um grande espelho na sala. Não era espelho, e sim outro apartamento, idêntico, só para as crianças. Nisso tocou o telefone. Olhei para a Marion rindo, certo de que deveria ser da recepção dizendo que tudo foi um engano. De fato, era mesmo da recepção, mas apenas para perguntar se tudo estava a contento. Minha vida tem sido assim: um maravilhoso apartamento duplo de frente para o mar. Mas confesso a constante sensação de espera do telefonema a me dizer que tudo não passou de um engano. Pensando bem, talvez essa sensação de equívoco, de não merecimento, de frágil impermanência, é que me faz desfrutar de tudo com a maior intensidade possível.


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