Há muito tempo eu tinha uma mania tosca. Quando na sala de espera para um exame de sangue, beliscava o próprio braço. Fazia isso no intuito de me preparar para a agulhada que, aliás, doía sempre bem menos. Depois deixei de fazer isso, não apenas por ser uma grande tolice, mas principalmente porque percebi que sofrer por antecipação não me socorreria da dor que por ventura sentisse na hora da coleta do sangue. Por isso desconfio do senso comum que recomenda doses educacionais de sofrimento para se estar preparado diante das agruras da vida. Não vejo dessa forma. Acho que a vida traz, de um jeito ou de outro, sofrimento para todos. E não adianta: sempre haverá dor, independentemente de qualquer preparo.
E quando a dor é de corno, como é que se deve fazer? [ ]´s Juca.
ResponderExcluirDaí não é grave, Juca, porque ser corno, mais que destino, é vocação.
ResponderExcluirNão é nada disso. A dor de corno quer dizer arrependimento de uma coisa que você esqueceu ou deixou, por outra razão, de realizar. Também de alguma perda. Quanto a tua assertiva, estou plenamente de acordo, data vênia, é claro, como vocês, juristas, costumam dizer.
ResponderExcluirRisos.
ResponderExcluirSabe, eu tinha a mesma mania! Perguntaram-me sobre hedonismo. Respondi o corriqueiro, dizendo que desejamos o prazer e não a dor, e que assim nasceu a doutrina de Aristipo de Cirene que dizia que prazer é o movimento suave do amor, e que a dor é o movimento áspero do amor. Não sei em que isto ajuda, porque como você disse "sempre haverá dor, independentemente de qualquer preparo".
ResponderExcluirNão conhecia essa doutrina, Sandra. Interessante. Irei refletir sobre o que você escreveu.
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