quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

LEMBRAR NÃO É VIVER

"Quando chegar o dia em que você viver apenas de lembranças, de que lembranças você quer viver?" Pergunta o narrador do comercial de uma motocicleta. A frase, ainda que bem construída, revela uma ilusão tão comum quanto equivocada. Não, lembrar não é viver de novo; lembrar é lembrar, apenas. Isso porque um passado cheio de boas lembranças não supre as ausências e lacunas do presente. Ao contrário, mete-nos numa cruel e injusta comparação. Primeiro, porque é humano idealizar o próprio passado. E segundo, porque também é humano não se satisfazer com o próprio presente. Gostaria de dizer que essa combinação molda nosso futuro. Mas sou realista demais para isso. O futuro é uma expectativa de vida que não depende da nossa simples vontade. Aliás, a mensagem de fundo daquele comercial é perversa: não há presente nem futuro na velhice; só passado. Senhor redator, tanto faz olhar para trás ou para frente. O passado é tão ilusório quanto o futuro. Ambos são negações da realidade de que só existe um tempo, o presente. Isso vale na mesma medida para jovens e para velhos; para os que têm do que lembrar e para os que não têm.

2 comentários:

  1. Lendário Djalma!
    Muito bom o seu texto! Ele me fez refletir e chegar a uma conclusão: Se eu lembrar do passado, sofro duas vezes.Se eu pensar no futuro, também sofro duas vezes, mas se eu viver o presente, então sofro só uma vez!(que droga de vida, né?) Abraços filosóficos. Winston.

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  2. Boa essa, Winston querido. Matemática pura. Abraço grande.

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