Não é de hoje que se tenta judicialmente retirar das repartições públicas os símbolos religiosos. Essas ações, impopulares, estão sempre fadadas ao fracasso, ainda que o Estado laico, desvinculado de crenças religiosas, seja uma garantia constitucional. Sim, o deus cristão representa a fé da maioria dos brasileiros, mas não a de todos e só essa constatação já seria motivo para que crucifixos e bíblias deixassem de figurar nos ambientes públicos. A religião não precisa ser de todos, pois existe a liberdade de crença e de descrença, mas o Estado sim, este deve ser de todos, indistintamente. É preciso, antes, enxergar o real motivo de tais símbolos estarem onde estão. Não, não é apenas porque arraigados à cultura brasileira. Eles têm outra missão, nada louvável, que é dar aspecto sagrado, iluminado e ungido às repartições públicas, desde às mais singelas até aos plenários mais suntuosos. Desse modo, tem-se a impressão de que os agentes públicos agem inspirados por deus, no caso o deus das religiões cristãs. Símbolos se prestam sobretudo à hipocrisia humana e, por essa razão, qualquer discussão sobre esse assunto, jurídica ou não, servirá somente de palco para os hipócritas, pois os símbolos continuarão lá, “abençoando” a todos aqueles que procurarem o Estado, quer estes queiram ou não.
P.S.: A presidente Dilma Rousseff retirou de seu gabinete o crucifixo da parede e a bíblia de cima da mesa: ponto para a liberdade democrática!
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