segunda-feira, 5 de novembro de 2012

CAMINHANDO COM A MÃE


Não é novidade dizer que se gosta para sempre do que se gostou quando criança. Tal sentimento é retratado com absoluta delicadeza no desenho "Ratatouille". Tudo acontece quando o sisudo crítico culinário Anton Ego experimenta o ratatouille preparado por Rémy, o insólito ratinho cozinheiro. Embora simples, o prato é feito com tamanha perfeição que o crítico, até então impassível e implacável, acaba por se desmanchar diante da lembrança que aquela experiência gustativa traz da sua infância e do carinho da mãe. Pois bem, dia desses me dei conta porque gosto tanto de caminhar por cidades e porque sempre vejo tudo com admiração. Simples: memória afetiva. Caminhar por calçadas é para mim, de certa forma, a repetição do prazer lúdico que sentia quando fazia isso de mãos dadas com minha mãe. 



2 comentários:

  1. Djalma: sempre cito esse exemplo do filme do rato para os meus alunos quando falo sobre a tarefa da rememoração (que é um tema de Walter Benjamin, autor que muito gosto). Mas vale lembrar de outro exemplo (muito benjaminiano): o do cheiro das Madeleines, no "Em busca do tempo perdido" do proust... Um abraço!

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