Demorou para a sociedade começar a combater as maldades típicas do meio estudantil, paraíso das implicâncias gratuitas, preconceituosas e descabidas. A identificação e a coibição do bullying na escola é mais que bem-vinda porque esta é um laboratório da cidadania da vida adulta, uma ponte entre a vida íntima e a social. E a gravidade desse tipo de agressão, física ou moral, pode ser aferida pelo simples fato de que se trata geralmente de conduta criminosa (contra a honra e integridade física). Mas há outro tipo de bullying, que acontece dentro de casa. Sim, ninguém gosta de admitir, mas as relações intra-familiares não são um eterno anúncio de margarina, onde todos sorriem numa felicidade inabalável. Essas relações envolvem muito amor, mas também frustração, rancor e raiva. Pais castigam seus filhos, tanto por ação quanto por omissão, movidos mais por frustração, rancor e raiva do que por amor. É preciso educar, dar limites: diz o senso comum. Porém uma boa educação não precisa de expedientes ofensivos à moral e à integridade física. No fundo o que está em jogo é apenas a guerra do poder e um adulto, em regra, é mais forte que uma criança. O bullying entre irmãos também não é menos danoso do que o da escola. Este, ao menos, pode ser resolvido com a troca de sala ou mesmo de escola. Na verdade, vida íntima e social são distintas e, em certos aspectos, antagônicas. E por mais nobres que sejam as intenções, a lei do mais forte acaba regendo as relações deste caldeirão indevassável e efervescente que chamamos de vida familiar. Filhos absorvem e refletem tudo aquilo que seus pais fazem, dizem ou mesmo calam. Mas, sobretudo, filhos demostram aquilo que seus pais tentam desesperadamente esconder de todos e, mais ainda, de si próprios.
quinta-feira, 24 de março de 2011
Bullying, o escolar e o doméstico
Demorou para a sociedade começar a combater as maldades típicas do meio estudantil, paraíso das implicâncias gratuitas, preconceituosas e descabidas. A identificação e a coibição do bullying na escola é mais que bem-vinda porque esta é um laboratório da cidadania da vida adulta, uma ponte entre a vida íntima e a social. E a gravidade desse tipo de agressão, física ou moral, pode ser aferida pelo simples fato de que se trata geralmente de conduta criminosa (contra a honra e integridade física). Mas há outro tipo de bullying, que acontece dentro de casa. Sim, ninguém gosta de admitir, mas as relações intra-familiares não são um eterno anúncio de margarina, onde todos sorriem numa felicidade inabalável. Essas relações envolvem muito amor, mas também frustração, rancor e raiva. Pais castigam seus filhos, tanto por ação quanto por omissão, movidos mais por frustração, rancor e raiva do que por amor. É preciso educar, dar limites: diz o senso comum. Porém uma boa educação não precisa de expedientes ofensivos à moral e à integridade física. No fundo o que está em jogo é apenas a guerra do poder e um adulto, em regra, é mais forte que uma criança. O bullying entre irmãos também não é menos danoso do que o da escola. Este, ao menos, pode ser resolvido com a troca de sala ou mesmo de escola. Na verdade, vida íntima e social são distintas e, em certos aspectos, antagônicas. E por mais nobres que sejam as intenções, a lei do mais forte acaba regendo as relações deste caldeirão indevassável e efervescente que chamamos de vida familiar. Filhos absorvem e refletem tudo aquilo que seus pais fazem, dizem ou mesmo calam. Mas, sobretudo, filhos demostram aquilo que seus pais tentam desesperadamente esconder de todos e, mais ainda, de si próprios.
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Não é raro pais levarem seus filhos ao psicólogo e sairem convencidos de que são eles mesmos que precisam dessa ajuda profissional. Valeu a reflexão, Djalma.
ResponderExcluirConcordo com vc, Deborah. Bj.
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