Quando vejo alguém de olhar tenso, riso nervoso ou mesmo olhos arregalados dentro de um elevador penso que deva ser assim que pareço quando estou dentro de um avião. Em elevadores, fico entendiado, apenas aguardando meu destino; em aviões, fico prestando atenção no que vejo e, mais ainda, no que penso ver. Elevadores e aviões são igualmente fontes de medo e angústia para muitos porque: não se tem controle sobre seu funcionamento ou mecanismo, não se enxerga para onde se está indo e são absolutamente claustrofóbicos, além, é claro, de que, no caso de acidentes, a possibilidade de óbito é realmente grande. Contudo a diferença dessa percepção se dá pela frequência com a qual se utiliza um e outro. Ou seja, para os que viajam diariamente de avião, a sensação é de tédio e indiferença, a mesma que sinto dentro de elevadores. No que estão certos, pois as estatísticas mostram que se morre mais em acidentes com elevadores do que em acidentes aéreos. Aliás, acidentes acontecem em qualquer lugar ou circunstância, embora a percepção de sua possibilidade apenas se acentue quando se sente vulnerável e sem o controle da situação.
Mas, mais do que em elevadores e aviões, morre-se em casa, por acidentes domésticos, justamente na segurança do lar, onde se pensa ter o controle de tudo.
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