terça-feira, 15 de março de 2011

Planeta inóspito

Primeiro a terra tremeu por cinco minutos, depois vieram três tsunamis de vinte metros de altura e, por fim, o fogo, um incêndio devastador. Resultado: cem mil mortos. Isso aconteceu em Lisboa, numa longínqua manhã de novembro do ano de 1755. A história do planeta que insistimos em chamar de nosso está repleta de episódios como esse. O homem, em sua infinita vaidade (ou seria o seu imenso desamparo?), pensa que tudo acontece por sua causa: deus está bravo com a humanidade!, numa explicação medieval, ou, é consequência da destruição da natureza!, numa explicação mais moderna, ecologicamente correta. Ou seja, não conseguimos ver o óbvio: a Terra é um imenso bicho, vivo, indômito e absolutamente selvagem, totalmente alheio ao fato de habitarmos a sua casca. Não somos mais do que suas pulgas, pequenos parasitas a sucumbir a cada catástrofe natural. Catástrofe para nós e não para o planeta que sobrevive assim há milhões de anos. Mas não estamos sós em nossa insignificância, a própria Terra não passa de um grão de areia num universo infinito e igualmente inóspito. Depois do tormento vem o silêncio: da contagem dos mortos, do socorro aos sobreviventes e da mais pura perplexidade. Mas esse silêncio, profundo e pesaroso, é sempre quebrado pela voz dos idiotas do apocalipse.

P.S.: esse texto teve como inspiração a coluna de João Pereira Coutinho, publicada hoje no jornal Folha de S. Paulo. 


 

8 comentários:

  1. Djalma
    Ouvi dizer que: Deus perdoa sempre. O homens as vezes. A Natureza nunca. Boa as suas colocações.
    Abraços.
    Geraldo

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  2. Preciso como o micro-cirurgião e afiado como o fio da navalha. Esse é o Djalma! Parabéns pelo texto. Bjs

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  3. Querido amigo, nem vou comentar sobre deuses já que não alimentamos este tipo de fé, mas gostaria de esquentar um pouquinho a conversa em alguns outros pontos. Não entendi pq vc diz q o planeta é inóspito. Infelizmente para ele, não é verdade. Se esses acidentes naturais que ocorreram no Japão nada têm a ver com o homem, isso não nos exime da responsabilidade por muitos outros onde somos sim bastante digamos atuantes. As consequências para pessoas e planeta das explosões nas usinas atômicas certamente não são fenômenos naturais, só para dar um exemplo bem recente. Não existe castigo, existe ação e reação. E como vc falou em "vaidade", e que concordo plenamente, seria bom que o homem aceitasse um outro "óbvio" :o de que somos total e absolutamente dispensáveis neste planeta, ou seja, se de repente não houvessem mais homens na Terra, isso em nada a prejudicaria. Se isso prolongaria a vida de seus recursos naturais, aí é papo para o Greenpeace,rsrsrs...Um beijão!!!

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  4. Obrigado, Deborah, por suas palavras, igualmente precisas. Bj.

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  5. Concordo com vc Vanessa, tanto que utilizei a metáfora "parasitas" no texto, ou seja, além de totalmente dispensáveis à existência do planeta, somos prejudicias a ele, nosso "hospedeiro" nada hospitaleiro.
    Obrigado por seu comentário. Bjs.

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  6. ADOREI SUA CONCLUSÃO SOBRE NOSSO PLANETA,E COMO VC NOS IMAGINA SÊR SOBRE ESSA CASCA QUE VC CITA. PARECE QUE VC ESTÁ TÃO PRÓXIMO DELE QUE PÓDE VÊR TUDO QUE FALA NO TEXTO.PARABÉNS,BJO.

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  7. Que bom que gostou, Marelene. Obrigado pela visita e comentário. Bj

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