O que me impressiona na cidade do Rio de Janeiro não é seu apelo turístico, um tanto superestimado a meu ver. Tampouco sua violência, igualmente superestimada, já que, além de setorizada, tem nome e sobrenome. Também não é a arquitetura dos prédios de Copacabana, colados demais para meu gosto. Não, não é o centro da cidade, muito mais decadente do que charmoso. O que me impressiona na cidade do Rio de Janeiro é que lá as pessoas gostam de viver a vida da cidade. Explico: no Rio, ao contrário de outras metrópoles brasileiras, o outro não representa uma ameaça em potencial, mas alguém pronto para se trocar palavras amistosas. Nas chamadas horas livres, as ruas cariocas estão repletas de pessoas que, transitando livremente, aproveitam o que a cidade tem de melhor, que são as próprias pessoas, vivas, sonoras, alegres. Restaurantes e bares se estendem sem medo até às calçadas. Grata surpresa: lá ainda existe cinema com portas voltadas para a rua. Que bela e nostálgica visão. É justamente essa vida espontânea, humana, que os shoppings tentam, sem sucesso, recriar. Amo minha cidade, Curitiba, mas confesso que neste último fim de semana, distraído, imaginei-me desfrutando diariamente de toda a vida alegre que circula solta pelas ruas do Rio de Janeiro.
segunda-feira, 30 de maio de 2011
domingo, 22 de maio de 2011
Um mundo sem Deus
domingo, 15 de maio de 2011
MINHA ESCRITA
Não escrevo para os outros. São os meus fantasmas que espreito, flerto, tento espantar. Escrevo sobretudo para tentar me localizar no tempo, no espaço, nas emoções. Nessa empreitada meu cérebro é um ouvinte atento do que o coração dita. Só assim um texto tem textura, cor e profundidade. Parêntesis: raramente faço citações. Não acho que a transcrição de uma bela frase vá melhorar meu conteúdo nem dar-me prestígio. Ao contrário, se necessito do socorro alheio é porque justamente me faltam conteúdo e prestígio. Voltando: mas mesmo o coração precisa de regras. Então busco a escrita cujo conteúdo traga misto de prazer e desconforto e, em sua forma, seja breve e inteligível. Disse antes que não escrevo para os outros. Não é bem assim. Sou, sim, um mendigo com a mão estendida esperando um comentário, um elogio, um aplauso. Mas este sou eu; não minha escrita.
sexta-feira, 6 de maio de 2011
Como é bom ter uma paixão
Fazia frio naquela noite. O Coritiba enfrentava o Botafogo/RJ pela Copa do Brasil e perdia de 1 a 0. Nossos bravos jogadores sequer conseguiam arquitetar um mísero ataque que ameaçasse a meta adversária. Na arquibancada milhares de torcedores se dividiam entre a aflição e a resignação. A certa altura, meu filho disse sem tirar os olhos do jogo: Pai, seria tão bom se a gente torcesse para um time que fizesse gol. Eu, abraçando-o, pedi desculpas por metê-lo naquela "fria". Se ele lá estava era naturalmente por minha causa. Conformado, disse-me que tudo estava bem. O tempo passou e ontem, no mesmo estádio, vimos o Coxa massacrar o Palmeiras, pela mesma Copa do Brasil, com o estupendo placar de 6 a 0. Um espetáculo futebolístico. Talvez o melhor jogo da história centenária do nosso time. Como é bom ter uma paixão, que nos faça rir, que nos faça chorar ou até as duas coisas ao mesmo tempo. Mas, sobretudo, que nos faça vivos. Assim é o futebol. Assim é a vida.
terça-feira, 3 de maio de 2011
A expressão máxima da inveja
Há muito que Osama bin Laden havia se transformado num mero fantasma, um espectro a esgueirar-se por entre sombras e escombros, e sua morte, ainda que emblemática, infelizmente, não altera o curso do fanatismo no mundo, pois este tem vida própria.
Engana-se quem pensa que inveja é apenas querer o que outro tem, é mais, é não querer que o outro tenha. Por essa razão penso no terrorismo como a expressão máxima da inveja, resultado de um profundo sentimento de inadequação; e no fanatismo, não como fonte dessa inveja, e sim sua forma. No fundo, todos, independente de origem, raça ou credo, queriam ter a vida que se vê no cinema americano: ruas cheias de árvores e lindas casas sem muros. Apesar de ilusória, essa imagem de vida ideal, repleta de sorrisos e liberdade, causa reações variadas e impactantes. Não, a culpa desse sentimento de inadequação não é do cinema americano e nem dos próprios americanos. A culpa é da própria condição humana que, aliada à vida miserável de muitos povos, torna-se terreno fértil para a proliferação de líderes execráveis, da ignorância, do ódio, do fanatismo e, principalmente, da inveja.
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