domingo, 15 de maio de 2011

MINHA ESCRITA


Não escrevo para os outros. São os meus fantasmas que espreito, flerto, tento espantar. Escrevo sobretudo para tentar me localizar no tempo, no espaço, nas emoções. Nessa empreitada meu cérebro é um ouvinte atento do que o coração dita. Só assim um texto tem textura, cor e profundidade. Parêntesis: raramente faço citações. Não acho que a transcrição de uma bela frase vá melhorar meu conteúdo nem dar-me prestígio. Ao contrário, se necessito do socorro alheio é porque justamente me faltam conteúdo e prestígio. Voltando: mas mesmo o coração precisa de regras. Então busco a escrita cujo conteúdo traga misto de prazer e desconforto e, em sua forma, seja breve e inteligível.  Disse antes que não escrevo para os outros. Não é bem assim. Sou, sim, um mendigo com a mão estendida esperando um comentário, um elogio, um aplauso. Mas este sou eu; não minha escrita.




4 comentários:

  1. Lindo texto, Djalma. Muito interessante a diferenciação que você faz entre o texto e o escritor. No meu olhar, viver tem estreita relação com escrever. Há que se questionar a vida, aprender sobre a vida, refletir a vida e se curvar à vida para ter o que escrever. Um abraço,

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  2. Obrigado, Deborah, por seu comentário intenso e enriquecedor. Bj.

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