sexta-feira, 22 de julho de 2011

TOLERÂNCIA COM O MAL

Outro dia escrevi nesse grande espelho virtual que é o facebook o seguinte: só toleramos o que inconscientemente aprovamos. Aprofundo meu humilde aforismo, começando com um exemplo: nossa tolerância com a bandalheira da vida pública brasileira. Só mesmo uma aprovação inconsciente em massa justificaria essa inesgotável tolerância. Mas não quero falar do nosso povo, amante inconfesso da corrupção, ainda que pequena, daquela que não faz mal a ninguém... Por que toleramos o que nos prejudica? Auto-sabotagem. Sim, evidentemente, mas não apenas isso. Acalentamos, todos, desejos inconfessáveis e, por essa razão, inconscientes. O filho que maltrata a mãe encontra nela a aprovação de sua conduta infame. Seja porque ela mesma se julga intimamente merecedora ou, ainda, porque ele ocupa o papel neurótico e conveniente de vilão. Dinâmica semelhante se dá nas relações familiares com alcoólicos, drogados, revoltados etc. É a velha dicotomia do bem contra o mal, que se presta a uma superficial e falsa auto-definição. Se alguém me causa o mal é porque, por exclusão, sou do bem. Seria demais para aquela pobre e vitimizada mãe assumir que alguma vez tenha desejado agredir seus próprios pais ou mesmo transgredir normas de conduta moral e social. Seu desejo reprimido é, portanto, realizado pelo filho, daí sua tolerância. Ou seja, até no clássico padecimento materno está presente o mal. Definir o bem e o mal: eis uma tarefa difícil, absolutamente necessária, mas fadada sempre ao fracasso.




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