quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

DEUS ME LIVRE DA VIDA ETERNA

Gosto tanto desta vida que por vezes sinto saudades antes mesmo dela acabar. Mas o que me restará depois, a morte eterna ou a vida eterna? Não sei o que será pior. Diz o senso comum que a vida eterna é uma vida espiritual, da alma, sem as frustrações, ansiedades ou angústias tão típicas da vida mortal. Contudo, somos forjados mais por lacunas do que por plenitude. Nada mais humano do que a capacidade de superação. Então não consigo imaginar o tédio absoluto de uma vida irremediavelmente plena. Sentirei saudades de tantas coisas, inclusive das maravilhosamente banais: o cheiro das manhãs, a brisa do mar, o pão com manteiga, um café quentinho, um livro envolvente, uma partida de futebol. Que vida etérea será essa sem as sensações puramente físicas que tanto me fascinam? Vida sem afago, abraço e beijo para mim não é vida. O que será de mim, se tudo o que me define ficar para nunca mais? Como viverei eternamente na linearidade, sem o balançar da gangorra das emoções e sem o sentido de preciosidade que tanto a morte me dá?

6 comentários:

  1. Pois é homem de Deus, vai que a gente detesta a outra vida, e ela é eterna? Aí não vai dar nem pra se suicidar...WS

    ResponderExcluir
  2. Gostei do "homem de Deus"...
    Sabe, essa impossibilidade do suicídio também me ocorreu enquanto escrevia (rs).
    Abraço grande.

    ResponderExcluir
  3. Uma vida eterna somente terá graça no inferno onde, afinal, estarão todos os nossos amigos...
    Abs
    Alberto

    ResponderExcluir
  4. Vida eterna...ela tem que ter vida. Só é vida se tiver movimento! sem a dinâmica que rege nossas atuais vida a tal "vida eterna" deixa de ser vida e vira nada, fica vazia, ou seja..não existe. Se existir uma vida eterna que ela possa ser ainda mais viva que a terrena. Que possa sentir o vento com mais sensibilidade que agora, que as mangas sejam mais doces, que as relações mais profunda e que eu caminhe, que seja capaz de viver de forma livre e plena

    ResponderExcluir