Antigamente eram os filhos que desejavam vestir-se com a sobriedade e a elegância dos pais. Hoje são os pais que querem se vestir com a irreverência e a ousadia dos filhos. Não defendo a volta da cartola nem dos espartilhos. Mas está se tornando ridícula essa busca pela aparência juvenil. Já disse aqui outro dia que meus cabelos estão embranquecendo progressivamente. Então, pesquisando sobre o assunto na internet, vi que, primeiro, os homens se afligem com isso mais do nunca, e, segundo, as mulheres dizem gostar de homens grisalhos. Conclui então que o homem pinta o cabelo por gosto próprio e com o objetivo de não parecer velho. Parece óbvio, mas não é. Cabelos pintados, com seu aspecto estranho e artificial, não deixam um homem mais jovem, já que os vincos da face revelam sua idade real. Mas, em contrapartida, despistam providencialmente o foco de sua aparência. Em sua avaliação neurótica, melhor que seus cabelos chamem a atenção pela eventual cafonice do que pelo embranquecimento. Seja pela roupa ou pelo corpo, é mais indolor hoje parecer ridículo do que parecer velho.
Esses dias li uma frase que dizia: "cara feia pra mim é botox", e achei engraçada, mas logo pensei se alguém que tenha se submetido a esse tipo de intervenção também acharia graça. Acho que não. Concordo que os cabelos pintados deixem os homens com aparência ridícula, mas não acho que eles percebam isso. O que tem de mais sério em alguns casos, na minha opinião, é a distorção da autoimagem e a busca a qualquer custo de uma perfeição imaginária. Triste esta crença ilusória de que estética é sinônimo de felicidade. Beijos, Vanessa.
ResponderExcluirJustamente é a falta de percepção do ridículo que o faz indolor. Obrigado por seu comentário. Bj.
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