quarta-feira, 14 de setembro de 2011

TEMPO, TEMPO, TEMPO

Outro dia disse para minha mulher: ouça, essa canção é do nosso tempo. Ela, perspicaz, emendou: como assim do nosso tempo? Percebendo aonde ela queria chegar, corrigi: essa canção é do nosso tempo de juventude. É muito comum essa noção equivocada em relação ao tempo, como se ele fosse propriedade ou prerrogativa da juventude. Talvez porque quem é jovem, em tese, tenha todo tempo pela frente. Em outras palavras, os jovens têm o futuro diante de si. Mas o futuro não é outra coisa senão uma expectativa de um tempo que ainda está por vir. Pois é, falo, falo, mas não digo o essencial (como escrevia Nelson Rodrigues). O tempo pertence a quem está vivo, independente da idade. Tenha oito ou oitenta, o seu tempo será sempre hoje. O passado não é mais um tempo, e sim memória, lembrança. Quem vive no passado ou no futuro nega a si próprio a possibilidade do presente. O problema é que às vezes o presente não é lá grande coisa. Então a fuga para outro tempo que não mais existe ou que jamais existiu é algo tentador, talvez até mesmo uma necessidade. O tempo é agora: eis o fato. Mas que coisa mais ambígua, fantástica, relativa, ilusória, fugaz, o tempo é. 


5 comentários:

  1. Disse, tudo como sempre, meu querido amigo!
    Grande abraço!!!

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  2. Gostei do seu blog, q belo post!!tempo é o agora, temos que saber plantar a colheita...abçooo

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  3. Vivemos esperando que a felicidade chegue, nas mais diversas formas. Esquecemos que o "tempo é agora". Adorei o post. Beijos

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  4. Obrigado Elane e Laura Helena, tanto pela leitura quanto por seus comentários. Abraços.

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