terça-feira, 29 de novembro de 2011

EU NÃO AMO OS POBRES

Não é uma declaração de ódio social. Para não ser mal compreendido, explico: não amo nem odeio os pobres. Isso porque não me parece razoável  amar pessoas coletivamente e, menos ainda, por sua condição sócio-econômica. Sou capaz de amar ou odiar pessoas, mas individualmente e por razões alheias às suas finanças. Por isso sempre estranho uma declaração de amor aos pobres. Primeiro, porque me parece segregativa, como se pobres pertencessem a uma categoria específica de seres humanos. Note que quem diz amar os pobres está a dizer, em via oblíqua, que não é um deles.  Segundo, porque não se é pobre ou rico, mas se está pobre ou rico. Não há, em regra, segurança nem definitividade numa coisa nem noutra. Elas são sempre circunstanciais. Não é novidade dizer que amar os pobres é provavelmente uma forma de aplacar o sentimento de culpa por um mundo tão desigual e injusto. Mas me pergunto se essa "consciência social" não seria a nova roupagem da velha culpa católica...


4 comentários:

  1. Pobreza e riqueza... Acho que a dúvida aqui é sobre compaixão. Quando se diz "amar aos pobres" entendo como ame e ajude a quem precisa, a quem você não conhece. Difícil para todo ser humano, cristão ou não. A verdade é que vivemos num mundo cada vez mais carente de amor. E a solução para nosso mundo e injusto é o AMOR. Esse amor que mudou as leis antigas, que resumiu todos os mandamentos numa palavra... Que é tão difícil de se por em prática... Abração!

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  2. Gasperin, O amor universal é sonhado pelo homem desde que o mundo é mundo. E se esse sonho nunca se tornou realidade é porque somos animais cujo instinto selvagem de sobrevivência acaba sempre prevalecendo, apesar de nossas sinceras boas intenções. Abraço grande.

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  3. Òtima reflexão sobre nossas "Bondades".
    Sou uma negação como consciência social. Penso mas pouco faço, com algumas exceções. Procuro fazer pelos mais próximos, em atos onde a caridade não se cultua. Se isto nos tira a culpa? Sim, por certo alimenta esta e outras necessidades de aceitação. Mas é uma mazela menor frente ao bem realizado e se de fato ajuda alguém em momento difícil. Nada fazer me entristece, pois é um dos meus vários "acomodamentos".

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  4. Também procuro ser caridoso e generoso com as pessoas que me cercam, mas caridade e generosidade são conceitos relativos. Concordo, porém, que agir é sempre melhor (e mais útil) do que simplesmente se omitir.

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