sábado, 12 de novembro de 2011

UMA FOME DE 1976

Nelson Rodrigues dizia sentir por vezes uma fome de 1918, representada pela utopia do pão com ovo, merenda alheia desejada por ele nos tempos de escola. _Hoje vamos para a cidade! Essa frase, dita por minha mãe, era motivo de deleite para mim. Sempre gostei  de andar pelo centro de Curitiba. Eis o roteiro da minha felicidade: ônibus, Praça Rui Barbosa, Rua XV, lojas de tecido, Rua Voluntários da Pátria, acariciar cãezinhos no Aviário São Paulo e pastel de carne com chocomilk na Pastelaria Oriental. Nunca deixei de caminhar pelo centro. Gosto dos prédios, das praças, das ruas e do vai-e-vem de pessoas. Convivo sem susto com suas mazelas e vicissitudes. E quando, para minha satisfação, estou acompanhado de meus filhos, bate aquela fome de pastel de carne com chocomilk. É quando sutilmente volto a ser aquele menino da Vila Hauer que, acompanhado da mãe, sentia-se completamente encantado pela cidade.

14 comentários:

  1. Nobre amigo:
    Minha história não é diferente, a não ser pelo lanche que no meu caso era cachorro quente das lojas Americanas. Quantas saudades, mas acredito que as saudades do passado começam a se intensificar quando o presente já não é tão satisfatório. Forte abraço. Winston.

    ResponderExcluir
  2. Obrigado por compartilhar sua experiência aqui. Mas não sei se a saudade representa alguma insatisfação com o presente. Fiquei aqui pensando sobre sua proposição. Abraço.

    ResponderExcluir
  3. Essa nostalgia me fez voltar aos lugares que frequentei e lembrar das coisas que degustava e já não existem mais ou o gosto hoje é completamente diferente... Que saudade!
    Mas voltando ao assunto Djalma, avise-me quando vc tomar esse chocomilk com pastel para aumentarmos o seu tempo na esteira!!! Abraço e obrigado pela "viagem"...

    ResponderExcluir
  4. Risos...Da última vez, inclusive, Gasperin, só o Gabriel comeu o pastel. Me resignei em comer apenas com os olhos e com a memória. Abraço.

    ResponderExcluir
  5. Lanches no Centrão da CWB...taí uma coisa que traz lembranças realmente boas. Nossa, eu tenho uma lista de lugares aonde parava pra comer com minha mãe: Americanas (igual seu amigo), Pastelaria Cacique (na Pç Generoso Marques), Pizzaria Arlequim (na Marechal Floriano, quase esquina com a XV),sem esquecer da inenarrável e ignorante Banana-split na sobreloja do Mercadorama da Tiradentes (alguém lembra?). Ainda hoje me permito alguns poucos pecadilhos como uma fatia de pizza de 3 dedos de altura na Lanchonete Itália (mas ñ peço a vitamina de abacate, ok?rsrsrsr)e também um (só um) folhado de creme na Confeitaria das Famílias.
    Andar pelo Centro é sem dúvida um de meus passeios prediletos e esses pit stops são a cerejinha do bolo! Beijos.

    ResponderExcluir
  6. Isso não é um comentário, Vanessa querida; é um guia gastronômico do centro de Curitiba. Beijo.

    ResponderExcluir
  7. *Risos*....Infelizmente os que citei por primeiro já não existem mais, coisa que valoriza ainda mais a lembrança.

    ResponderExcluir
  8. A Pastelaria Oriental também fechou (há uns dois anos). Uma pena. Mas o pastel do japonês da Osório é muito bom também.

    ResponderExcluir
  9. Djalma.
    Comida é uma das maiores memórias sentimentais que guardamos, sabor dos momentos. Talvez tenhamos alguma para cada familiar, parente, amigo, namorada, ou uma fase marcante de nossas vidas.

    Pela XV e arredores ainda tenho prazeres, ainda que um tanto menores que antes, quando o centro era mais valorizado. Os shoopings roubaram um pouco deste charme, mas ainda me demoro olhando a arquitetura e descontando a saudade no que ainda temos de boa comida na região, as mais simples.
    Para aumentar a lista saudosa da XV e arredores:
    Pequenos pãezinhos de leite e bomba de chocolate na Genova, "pão com pernil, queijo e verde" no Triângulo, cafezinho no Senadinho (onde comprávamos ingressos para os jogos de futebol), Club LASA na Americanas, os doces na Lancaster da Zacarias, a Schaffer de sonhos e coalhadas, restaurantes como o Oriente Árabe em cima do bondinho ou o Iguaçu no 2o andar quase na Osório, os churros do carrinho na esquina do antigo prédio do Curitibano, pizza em fatias de mussarela ou napolitana na "Acrópole" (nao tenho certeza, ficava bem próximo aos bares da XV), o bife com cebola do bife sujo, pastel de queijo e carne no china do lado do Guaíra antes de ir para o Círculo treinar.
    Para dar mais trabalho a digestão mandar brasa no teu Chocomilk ou a Gasosa Cini - destaque para a Gengibirra, King Cola e a inigualável Wimi "pequeninha".
    A trilha sonora eram as notas dedilhadas pelo Cego no acordeon que ecoava pela Oliveira Belo, em frente o Palácio Avenida decadente, as músicas da moda nos LPs rodando na Brunetti Discos, ou a velho da loteria declamando o sempre último bilhete da cobra - Olha a cobrinha ... - quando uma desavisada passava requebrando.

    Deu até vontade comer o pernil com queijo e verde...um dos poucos bons "pé sujo" que ainda resiste.

    ResponderExcluir
  10. ...e o pastel da Osorio eu vou experimentar, mas vou passar o chocomilk porque aquele comentário do Woody Allen a respeito da azia tem sido fato recorrente.

    ResponderExcluir
  11. Temos um ganhador para o melhor pequeno grande guia do centro de Curitiba! Valeu, Paulo. Abraço.

    ResponderExcluir
  12. Não recomendo nenhum assunto gastronômico comigo antes do meu almiço. A XV foi meu aperitivo das 14... que exagero.

    ResponderExcluir