Já havia algum tempo que meus filhos me perguntavam sobre cemitérios. Senti que falar já não bastava; eles, pequenos à época, queriam ver para entender. Era domingo de Páscoa e almoçávamos em Santa Felicidade. Disse-lhes então que mais tarde iríamos visitar um cemitério. Entusiasmados, como se fossem a um parque, fizeram insólito coro: cemitério! cemitério! Das outras mesas, quem ouviu, não deve ter entendido nada. Já no local prometido, eles olhavam tudo, perguntando isso e aquilo. Era bonito, todo gramado, sem sepulturas; só placas de bronze. Reparamos que sobre uma delas havia um ovo de chocolate. Era a lápide de uma criança, um menino. Comovido, tive vontade de chorar e, mais ainda, de abraçar meus filhos. Mas me segurei e disse a eles como o coelhinho era bom, tanto que lembrou até daquele menino morto, para sempre com oito anos. Estar vivo é mesmo um milagre. Disse isso também, mas dessa vez apenas para mim mesmo.
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